A Apple pode até ser a empresa do momento, com todos os seus dispositivos elegantes e práticos, que inundam as prateleiras das principais lojas de eletrônicos. Apesar de a Maçã ter alcançado um status de estrela e ultrapassado a Microsoft em valor de mercado, existe um campo que ela nunca conseguiu ser bem sucedida: os jogos.
De todas as centenas de jogos lançados por ano para computadores, apenas uma quantidade muito reduzida chega para os usuários de Mac, e muitas vezes em versões que são bem inferiores, graças a complicada arquitetura de seu hardware.
Origem do problema
Apesar de sempre ter sido responsável por máquinas poderosas a Apple também se destacou pela sua inflexibilidade. Com formatos proprietários rígidos, um sistema fechado que limitava possibilidades e que fez com que a maioria dos grandes entusiastas da computação migrassem para os PCs. Com a abertura trazida pelo Windows, capaz de rodar em praticamente qualquer placa e sistema, uma variedade de fabricantes diferentes ao redor do mundo começou a produzir dezenas de componentes que permitiram que o mercado de PCs crescessem, gerando uma situação de livre mercado onde o preço de tudo ficava muito barateado.
Com a redução de preços veio também o aumento de consumo, e o PC se tornou o computador padrão de todos. A Apple, por comparação, manteve seus sistemas operacionais ligados ao seu próprio hardware, e essa mentalidade insular os levou a usarem componentes ultrapassados muito tempo após a sua data de expiração. O melhor exemplo são os processadores PowerPC, que duraram até 2005 e mantiveram a empresa afastada dos populares processadores baseados no modelo da Intel.
Como a programação para diferentes conjuntos de processadores não era algo de fácil conversão, muitos desenvolvedores tinham que escolher um ou outro. Para as empresas de jogos era muito mais lucrativo lançar um jogo para PC, que tinha uma base de consumidores muito maior do que para qualquer Macintosh.
Como os jogos se tornaram mais complexos, o hardware limitado do Mac tornou-se cada vez mais problemático. Apenas em 2001 a Apple introduziu o suporte nativo para dois botões no mouse, coisa que na década de noventa já era essencial para todos os jogos de computador.
Os jogos chegam no Mac
Durante a década de 90, o mercado para jogos de computador como um todo era dividido entre três grandes gêneros: jogos de aventura (point and click) com clássicos como Full Throtle, Monkey Island, Grim Fandango, Sam & Max; jogos de estratégia como Starcraft, Warcraft, Age of Empire, SimCity, Ceasar e por fim o ascendente mercado de FPS (os jogos de tiro em primeira pessoa) com Wolfenstein, Doom e Duke Nukem 3D.
Destes nichos apenas os grandes clássicos chegaram ao Mac, sempre com muito atraso e em versões mais lentas ou com configurações estranhas de controles. O jogo mais vendido para computadores da Apple no período foi Myst, seguido de perto pelos títulos da Blizzard e da Maxis.
Jogos nunca pareceram relevantes nos olhos da Apple, e a empresa nunca deu bola para esta indústria como um todo. O melhor exemplo dessa falta de visão é a Bungie, que os gamers hoje conhecem como a criadora do clássico Halo. O que poucos sabem é que eles surgiram desenvolvendo jogos exclusivamente para Macs e até mesmo destinavam o seu primeiro e grande FPS para esta plataforma. No entanto, no início do ano 2000, a Microsoft viu potencial na empresa e decidiu comprá-la. O resultado foi mais de 40 milhões de cópias vendidas entre os diversos jogos da série e quase três bilhões em lucro.
O Mac gamer hoje
Conforme os games foram mostrando que eram uma força a ser reconhecida, gerando muito mais lucro anual do que mídias tradicionais como a música e o cinema, a Apple começou a tomar medidas para remediar a situação. Em menos de sete anos ela passou a ter suporte para mouses com vários botões, hardware de gráficos autônomo (ou a tradicional placa de vídeo), e processadores baseados no modelo Intel.
Soluções no jeitinho também apareceram como o Boot Camp do OSX 10.4 Tiger, que capacitava uma partição do HD de seu Macbook para rodar o Windows, que seria usado como o sistema básico para os jogos.
Mesmo sem “gambiarras” já é possível ter muitas coisas bacanas com o Mac hoje. Algumas empresas como a Blizzard continuam lançando seus grandes hits simultaneamente para PC e Mac e alcançando o mesmo grau de qualidade nas duas plataformas. Muitos desenvolvedores indies como o team Meat estão investindo com tudo para conseguir lançar seus jogos neste sistema e com a popularização do Mac OS X em outros formatos como o Ipad a demanda aumentou muito.
No entanto, nada foi melhor para o jogador de Mac quanto o lançamento do Steam para o sistema. Com a Valve, centenas de novos jogos apareceram para os computadores da Apple, todos beneficiados com a simplicidade e os preços praticado pelo Steam. Por enquanto, a diferença no catálogo ainda é vasta, são 360 jogos para Mac contra 4.800 do Windows, mas a cada dia novas versões são feitas. Outra grande vantagem é que aquelas pessoas que tem um PC como desktop, mas usam o Macbook na rua, podem comprar o jogo uma única vez no Steam e jogar nas duas plataformas (até o mesmo save muitas vezes).
Com passos lentos, o cenário dos games dentro dos computadores Macs parece mais promissor a cada dia. A empresa chegou até mesmo a usar o Diablo 3 como modelo do que esperar em sua nova linha de Macbooks para 2013, mostrando o jogo melhor do que ele rodaria em qualquer PC.
Em grande parte a culpa desta tomada de consciência foi o mercado móvel, onde não há mais o que se discutir, a Apple reina sozinha com seus milhares de apps para iPads e celulares. Uma tendência que cada vez mais parece abrir o olho da empresa para um mercado que se mostra a cada dia mais rentável.
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